Resiliência urbana: o caso de uma ocupação vertical no centro da cidade de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.55663/RBDU.especial2020.mouraPalavras-chave:
Direito à Cidade, habitação, movimentos de luta por moradia, etnografia urbana, São PauloResumo
As fronteiras entre os campos da pesquisa científica e as ações projetuais são tradicionalmente definidas: enquanto a primeira se debruça sobre conteúdos teóricos, apenas atividades de projeto se destinam a pensar o mundo real como substrato para suas intervenções. Entretanto, na prática acadêmica de um curso de arquitetura, tais demarcações são tênues, pois a obtenção do conhecimento está estreitamente vinculada à sua aplicação. A experiência da porosidade de tais fronteiras traz ao profissional em formação a consciência das contradições da realidade que se forma à sua volta, o que se torna um elemento essencial no processo de aprendizagem. Nesse sentido, a pesquisa de iniciação científica, enquanto primeiro marco na carreira acadêmica, serve como um meio de apoio para o entendimento do contexto no qual o estudante se insere. Assim, explorando-se as possibilidades ofertadas por essa modalidade de aprendizado, busca-se garantir a formação do arquiteto como indivíduo autônomo e socialmente responsável. O objetivo do presente artigo é relatar os resultados de um trabalho de pesquisa que surgiu da intersecção entre os estudos acadêmicos e a análise refletida de experiências vividas dos casos das ocupações verticais, no centro da cidade de São Paulo. A pesquisa foi desenvolvida como iniciação científica, sendo também o prosseguimento de estudos realizados na disciplina de urbanismo. A pesquisa foi iniciada como projeto de disciplina, na qual diálogo com o lugar através de pesquisas e derivas desembocou na busca por um maior aprofundamento teórico e metodológico. O objetivo central da pesquisa buscou um maior entendimento sobre as disputas que ocorrem no espaço da cidade e de como as pessoas que estão inseridas nesses contextos de disputas lidam com as mudanças decorrentes, num processo cíclico entre a experiência vivida e a reflexão propositiva. Tal processo estabeleceu contato entre os estudantes de graduação e os movimentos de luta por moradia na cidade, cujo ponto de partida se deu por ocasião de visitas técnicas realizadas em ocupações pelo exercício de leitura urbana do centro de São Paulo, exibindo um lado da cidade antes desconhecido: a realidade da luta pelo acesso à habitação por pessoas de baixa renda e pela efetivação da função social da propriedade urbana. O ato de habitar como manifestação do Direito à Cidade muitas vezes se concretiza de maneira intransigente. Enquanto alguns vivem assegurados do suprimento de suas necessidades básicas na cidade formal - provida por serviços e equipamentos públicos e regulada pela legislação urbanística outros são levados a instalar-se à margem de um espaço-cidade que se ancorado em contradições sociais e que passa expandir-se cada vez mais, assim conformando a dita cidade informal, que se ergue de forma precária e à margem da regulação e da atuação social do Estado. E nessa confluência entre cidade formal e cidade informal nossa vida urbana se esvai, afetando as condições de existência de cada indivíduo e formando o conjunto das experiências urbanas que vivemos.
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Referências
Gabriela Leite de Moura (2020). Resiliência urbana: o caso de uma ocupação vertical no centro da cidade de São Paulo. Revista Brasileira de Direito Urbanistica | RBDU 10, Edição Especial, jun. 2020. “Desurbanizando ou Ruralizando”? Desafios para uma cidade eficiente. [X Congresso Brasileiro de Direito Urbanístico | 22-24 out. 2019]. Palmas-TO: IBDU, 2020. Doi: https://doi.org/10.55663/RBDU.especial2020.moura
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