Zeis, comportamento político “eleitoreiro” e a universalização do esgotamento sanitário no Recife
DOI:
https://doi.org/10.55663/RBDU.v09.i16-ART16Palavras-chave:
comportamento político, escolha nacional, esgotamento sanitário, clientelismo, ZEISResumo
Como a parceria público-privada (PPP) de esgotamento sanitário do Recife ganhou a agendagovernamental em 2013 para universalizar o serviço sem atender as áreas informais da cidade?Este artigo analisou o comportamento dos representantes das áreas ZEIS na discussão sobre auniversalização do esgotamento sanitário no Recife. Teoricamente, utilizaram-se elementos dateoria da escolha racional. Metodologicamente, utilizaram-se survey e entrevistas semiestruturadascom representantes das áreas e análise documental. Os dados obtidos por meio de entrevistas edocumentos foram analisados por meio da técnica de análise temática de conteúdo. Os resultadosobtidos sugerem que o papel político desempenhado por representantes das ZEIS favorece aexclusão das áreas no escopo de intervenção da política local de universalização do serviço. No caso,destacam-se dois fatores – (i) manutenção de práticas de clientelismo político em áreas pobres e(ii) comportamento racional de agentes envolvidos no processo de formulação de agenda – comodeterminantes para a exclusão das ZEIS da política em tela. Como conclusão, destaca-se que, apesarda opção por uma PPP, os arranjos locais pautados por trocas que envolvem benefícios individuais ougrupais influenciam no desenho da política de esgotamento sanitário orientada para universalizar oserviço apenas nas áreas urbanizadas em detrimento das áreas informais.
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