“Todo cidadão tem o direito a uma moradia digna, mas não a minha”
percepções sobre as zonas especiais de interesse social pelos moradores da cidade de São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.52028/RBDU.v10.i18-ART04.SPPalavras-chave:
urbanização, zoneamento, habitação, segregação, ZEISResumo
As zonas especiais de interesse social (ZEIS) há muito tempo se destacam como um instrumento capaz de promover alterações profundas no modo de uso e ocupação do solo urbano, sobretudo em grandes centros. Justamente por isso, pelo seu potencial de enfrentar dinâmicas enraizadas de atuação do mercado e de segregação das pessoas de baixa renda, é que também enfrenta muitas barreiras para sua concretização. O objetivo deste artigo, nessa linha, é desvelar a compreensão que os moradores da cidade de São Paulo têm em relação a este instrumento de política urbana, a partir de suas manifestações nas audiências públicas realizadas ao longo do processo de alteração da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do município (Lei nº 16.402/2016), em 2015. Ao se propor esse objetivo, este artigo procura destacar como as pessoas que vivem e experenciam a cidade diariamente enxergam seu processo de urbanização e suas possibilidades de mudança, a partir da incorporação do valor da “casa própria”, do medo em relação a processos de valorização e desvalorização e, principalmente, da mudança da sociabilidade e da vizinhança. Em síntese, este artigo acaba por destacar a essência do conflito sobre a terra na cidade de São Paulo.
Downloads
Referências
AFFONSO, Aylton Silva. A efetividade das ZEIS em áreas vazias: o caso de Santo André. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Gestão do Território) - Universidade Federal do ABC, Santo André, 2013.
CALDAS, Nisimar Martinez Perez. Os novos instrumentos da política urbana: alcance e limitações das ZEIS. 2009. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. Tradução de Frank de Oliveira e Henrique Monteiro. 3 ed. São Paulo: Editora 34; Edusp, 2011.
CAMARGO, Candido Procópio et al. São Paulo 1975: Crescimento e pobreza. São Paulo: Loyola, 1976.
CAPPI, Ricardo. A “teorização fundamentada em dados”. In: MACHADO, Maíra Rocha (Org.). Pesquisar empiricamente o direito. São Paulo: Rede de Estudos Empíricos em Direito, 2017.
COSTA, Marta Nunes da. O QUE MARX NOS PODE ENSINAR SOBRE A NOVA "CLASSE PERIGOSA" – CRÍTICA, NEOLIBERALISMO E O FUTURO DA EMANCIPAÇÃO HUMANA. Novos Estudos - CEBRAP, São Paulo , n. 101, p. 97-114, Mar. 2015.
DAGNINO, Evelina. Construção democrática, neoliberalismo e participação: os dilemas da confluência perversa. Política & Sociedade, n. 5, p. 139-164, out. 2004.
FERREIRA, João Sette Whitaker. São Paulo: cidade da intolerância, ou o urbanismo "à Brasileira". Estud. av., São Paulo , v. 25, n. 71, p. 73-88, Apr. 2011.
FIX, Mariana. Parceiros da exclusão: duas histórias da construção de uma “nova cidade” em São Paulo: Faria Lima e Água Espraiada. São Paulo: Boitempo, 2001.
GATTI, Simone Ferreira. Entre a permanência e o deslocamento. ZEIS 3 como instrumento para a manutenção da população de baixa renda em áreas centrais. O caso da ZEIS 3 C 016 (Sé) inserida no perímetro do Projeto Nova Luz. 2015. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.
HARVEY, David. Social justice and the city. [s.l.:s.n.],1975.
HARVEY, David. “O trabalho, o capital e o conflito de classes em torno do ambiente construído nas sociedades capitalistas avançadas”. Tradução Flavio Villaça. In Revista Espaço & Debates - Temas Urbanos e Regionais nº 6, São Paulo: Cortez, 1982, p.06-35.
HARVEY, David. “O direito à cidade”. Tradução de Isa Mara Lando. piauí, n. 82, 2013.
HARVEY, David. Cidades rebeldes: o direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014.
HARVEY, David. 17 contradições e o fim do capitalismo. Tradução Rogério Bettoni. 1 ed. São Paulo: Boitempo, 2016.
KOWARICK, Lúcio. Escritos urbanos. São Paulo: Editora 34, 2000.
KOWARICK, Lúcio. Viver em risco: sobre a vulnerabilidade socioeconômica e civil. São Paulo: Editora 34, 2009.
KOWARICK, Lúcio. Cortiços. A Humilhação e a Subalternidade. Tempo Social, v. 25 n. 2. São Paulo, 2013.
LOGAN, John R.; MOLOTCH, Harvey Luskin. Urban Fortunes: The Political Economy of Place. Berkeley, CA: University of California Press, 1987.
MARICATO, Ermínia. Metrópole na periferia do capitalismo. São Paulo: Hucitec, 1995.
MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis: Vozes, 2002.
MARICATO, Ermínia. O impasse da política urbana no Brasil. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
MARICATO, Ermínia. Para Entender a Crise Urbana. São Paulo: Expressão Popular, 2015.
MARQUES, Eduardo. DE VOLTA AOS CAPITAIS PARA MELHOR ENTENDER AS POLÍTICAS URBANAS. Novos Estudos - CEBRAP, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 15-33, July 2016.
MONTANDON, Daniel. A implementação do Estatuto da Cidade na escala local: a experiência de São Paulo. In: ROSSBACH, Anaclaudia. Estatuto da Cidade: a velha e a nova agenda urbana: uma análise de 15 anos de lei. 1 ed. São Paulo: Cities Alliance: Publisher Brasil, 2016.
OLIVEIRA, Francisco. Crítica à razão dualista: o ornitorrinco. São Paulo: Boitempo, 2013.
PIMENTA, Ana Clara de Almeida; DONADONE, Júlio Cesar. As ZEIS como nova fronteira do capital: os artifícios da revitalização, a financeirização e o processo de gentrificação na região da Luz, em São Paulo. R. Bras. de Dir. Urbanístico – RBDU | Belo Horizonte, ano 9, n. 16, p. 91-116, jan./jun. 2023.
PINHO, Evangelina. Legislação urbana e regulação da habitação de interesse social. Oculum Ensaios. Revista de Arquitetura e Urbanismo. N.1. 2000.
PREFEITURA DE SÃO PAULO. Prefeitura abre inscrições para instituições interessadas em fazer o novo censo de cortiços e ocupações no centro da cidade, 10/01/2018, disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/habitacao/noticias/?p=248018, acesso em: 20 abr. 2018.
ROLNIK, Raquel. Guerra dos lugares: a colonização da terra e da moradia na era das finanças. 2 ed. São Paulo: Boitempo, 2019.
ROLNIK, Raquel.; SANTORO, Paula F. Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) em Cidades Brasileiras: trajetória recente de implementação de um instrumento de Política. Fundiária.Lincoln Intitute, Cambrigde, MA, agosto de 2014. Disponível em:<https://www.lincolninst.edu/publications/working-papers/zonas-especiaisinteresse-social-zeis-em-cidades-brasileiras>. Acesso em: 20 set. 2019.
SANTO AMORE, Caio. Entre o nó e o fato consumado – um estudo sobre as ZEIS e os impasses da reforma urbana na atualidade. 2013. 285 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.
TANAKA, Rodrigo Minoru Hayakawa. "ZEIS de vazios" em São Paulo 2002-2014: produção habitacional, transformações e permanências do estoque de terras. 2018. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
YAMAGUTI, Rosana. A eficácia das ZEIS de imóveis vazios ou subutilizados no Município de São Paulo. 2019. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Gestão do Território) - Universidade Federal do ABC, São Bernardo do Campo, 2019.
YAMAGUTI, Rosana; DENALDI, Rosana. O papel das Zonas Especiais de Interesse Social de imóveis vazios ou subutilizados para a produção habitacional privada: reflexões a partir da produção na Zona Leste do município de São Paulo. R. Bras. de Dir. Urbanístico – RBDU | Belo Horizonte, ano 9, n. 16, p. 307-335, jan./jun. 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Direito Urbanístico | RBDU

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Este periódico é licenciado por Creative Commons (CC-NC-ND-4.0 Internacional). A submissão e a publicação de artigos são gratuitos; Trabalhos avaliados por pares duplas cegas; o periódico utiliza o CrossCheck (antiplágio); e cumpre com o Guia dos Editores da COPE - Committee on Publication Ethics, além das recomendações Elsevier e SciELO. Veja os Termos da Licença Pública Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional