Política Urbana do Inimigo

clima, racialidade e colonialidade na capital brasileira da desigualdade

Resumo

Amparado em pesquisa documental, o trabalho investiga a produção das desigualdades urbanas na cidade do Recife sob a ótica da política urbana racializada e da colonialidade. Parte-se do conceito de “política urbana do inimigo” para analisar como o poder público estrutura a cidade a partir da exclusão de populações negras e pobres, tratadas como indesejáveis e constantemente ameaçadas de remoção. Articula-se dados históricos, legais e socioespaciais para demonstrar como a informalidade urbana é construída enquanto risco, ao mesmo tempo em que é invisibilizada pelo planejamento urbano. A negligência estatal frente às mudanças climáticas e aos desastres socioambientais é compreendida como expressão de um racismo ambiental, um produto, não um desvio da política urbana. Defende-se a necessidade de uma adaptação climática antirracista e da desvulnerabilização dos territórios populares como estratégias urgentes para o enfrentamento das desigualdades urbanas. Recife é apresentada como a capital da desigualdade Brasil, revelando um modelo de urbanização seletivo, excludente e profundamente marcado por condicionantes raciais e coloniais.