Assentamentos de gênese ilegal no Brasil contemporâneo: conflitos e resistências na regularização

Autores

  • Laura Machado de Mello Bueno Universidade de São Paulo - USP (São Paulo, São Paulo, Brasil)
  • Larissa Ribeiro Lima Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC-CAMPINAS (Campinas, São Paulo, Brasil)
  • Bruna Pimentel Cilento Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC-CAMPINAS (Campinas, São Paulo, Brasil)

DOI:

https://doi.org/10.55663/rbdu.v3i5.565

Palavras-chave:

assentamentos de baixa renda, remoção forçada, regularização fundiária e urbanística

Resumo

A política oficial de moradia no Brasil, focando assentamentos de baixa renda, apresenta contínuo processo de remoção de pessoas e demolição de residências declaradas de risco, precárias. Parte dos assentamentos poderiam ser regularizados, mas há morosidade, implementação parcial e casos de remoção que envolvem conflito fundiário sobre a posse. Aqui foram estudados casos de interesse pelo contraste. O Pinherinho, São José dos Campos/SP, ocupação de 2004 que sofreu despejo em 2012 e cujos moradores vivem desde dezembro de 2016 em Residencial do Programa Minha Casa Minha Vida, com problemas urbanísticos e construtivos. O Loteamento São Bento do Recreio, Valinhos/SP, lotes comprados por “contratos de gaveta” em área rural nos anos 1970, consolidou-se, adensou-se e em 2015 teve uma das quadras com regularização registrada em Cartório, por Demarcação Urbanística e Legitimação de Posse. Foram estudados os instrumentos legais de controle e registro da propriedade da terra e de regularização fundiária, os investimentos públicos e a morfologia urbana dos locais, determinantes na disputa pelo direito à cidade e à moradia e possibilidades de remoção ou regularização. Os casos mostram descompasso entre avanços legais sobre o acesso à terra urbana através da regularização e sua implementação nos processos jurídico-administrativos. A mudança recente (MP 749/dezembro de 2016) da legislação federal indica a forte resistência à implementação do acesso à terra urbanizada e do controle da propriedade ociosa. Ameaça de despejo, reassentamento e regularização parcial colocam esses sujeitos sociais em constante insegurança eprovisoriedade.

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Biografia do Autor

Laura Machado de Mello Bueno, Universidade de São Paulo - USP (São Paulo, São Paulo, Brasil)

Arquiteta urbanista. Mestre e Doutora pela FAUUSP. Docente e atualmente Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da PUC Campinas. http://lattes.cnpq.br/9140261729054617

Larissa Ribeiro Lima, Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC-CAMPINAS (Campinas, São Paulo, Brasil)

Estudante de Arquitetura e Urbanismo na PUC Campinas. Bolsista de Iniciação CientíficaFAPIC/REITORIA. http://lattes.cnpq.br/9876313961566965

Bruna Pimentel Cilento , Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC-CAMPINAS (Campinas, São Paulo, Brasil)

Advogada. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da PUC Campinas. http://lattes.cnpq.br/7802492992610722. https://orcid.org/0000-0002-8517-3351

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Publicado

15.12.2017

Como Citar

BUENO, L. M. de M.; LIMA, L. R. .; CILENTO , B. P. Assentamentos de gênese ilegal no Brasil contemporâneo: conflitos e resistências na regularização. Revista Brasileira de Direito Urbanístico | RBDU, Belo Horizonte: Fórum, v. 3, n. 5, p. 133–157, 2017. DOI: 10.55663/rbdu.v3i5.565. Disponível em: http://biblioteca.ibdu.org.br/index.php/direitourbanistico/article/view/565. Acesso em: 13 maio. 2024.

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