No verde do cinza-urbano
Gestão de parques lineares para cidades mais democráticas e sustentáveis
DOI:
https://doi.org/10.52028/RBDU.v11.i20.ART07.AMPalavras-chave:
Amazônia, Parques lineares, Sustentabilidade, Direito à Cidade, Belém (PA)Resumo
Este artigo investiga como é realizada a gestão urbanoambiental de parques lineares, à luz do debate teórico e jurídico-político sobre o direito à cidade, no contexto de busca pelo desenvolvimento sustentável e pelo enfrentamento da emergência climática. São examinados e comparados os exemplos recentes de implantação dos parques urbanos São Joaquim e Nova Tamandaré, em Belém (PA), cidade-sede da COP 30. Na metodologia, adota-se uma abordagem qualitativa, de cunho analítico-descritivo, com base em pesquisa documental, bibliográfica e observação direta. Os resultados evidenciam que a gestão urbanoambiental de parques lineares precisa incorporar estratégias locais de resiliência climática, podendo sim configurar alternativas sustentáveis para integração de soluções baseadas na natureza ao ambiente construído, por meio de infraestruturas verde-cinza. Conclui-se que os parques lineares podem ser instrumentos de transformação urbana, capazes de fortalecer vínculos comunitários e de propiciar a produção de cidades mais humanas, democráticas e sustentáveis, desde que não operem como instrumentos de afirmação de usos seletivos e excludentes em prol de interesses econômicos.
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